A quem pertence a cruz?
“...e lhe colocaram a cruz às costas, fazendo-o carregá-la atrás de Jesus”. (Lucas 23:26)
Deus se fez carne para entender a dimensão humana do pecado e da fraqueza.
Com amor incondicional enviou Cristo para um propósito único: a salvação.
É nos dado o direito à vida eterna e a certeza de um Deus presente, que está perto. Que não se prende a formas e até mesmo templos e tabernáculos.
Jesus, a caminho do calvário, vivencia a solidariedade e a verdadeira comunhão na atitude corajosa de Simão Cirineu, identificado por Marcos (Mc. 15:21) como pai de Alexandre e Rufo, que mais tarde é mencionado por Paulo (Rm. 16:13).
Uma família que é transformada a partir da experiência de seu pai ao carregar a cruz de Cristo.
Era exigido aos prisioneiros condenados à morte de cruz que a carregassem até o lugar onde seriam crucificados. Mas Jesus já estava sem força, havia apanhado muito, talvez fora do comum.
Passou a noite sem dormir por causa dos açoites. Já não conseguia continuar o caminho com aquela cruz pesada.
Aparentemente por acaso, Cirineu estava passando por ali e os soldados o escolheram para continuar o trajeto levando o madeiro, revelando a humanidade de Cristo, nos aproximando ainda mais de Deus.
A cruz trazia consigo sinais de dor, sofrimento e angústia.
Mas para Cirineu ela também significou alegria, honra, regozijo e nova vida.
Ele pode até ter sido chamado ao acaso, mas sua decisão por seguir a Cristo é verdadeira e profunda. Tomou uma cruz que teoricamente não era sua.
Talvez nos perguntemos: Por que então o próprio Cristo disse aos discípulos que cada um tomasse a SUA própria cruz e o seguisse?
Numa corrida de revezamento com bastão, este não pertence a apenas uma pessoa, mas sim a quem o segura naquele momento.
A cruz sempre foi de Jesus, mas no momento que estava com Cirineu lhe pertenceu.
A ele caberia o esforço para cumprir o trajeto determinado. Ele entendeu, tomou a cruz que se fez dele num instante e depois seguiu a Cristo.
Qual o peso da sua cruz? Está difícil de carregá-la?
Talvez Deus já tenha colocado alguns Cirineus por perto, mas muitas vezes teimamos em suportá-la sozinhos.
Estamos neste mundo sujeitos às mazelas e dores. Ficamos doentes, temos problemas e isso não nos faz pessoas com menos fé.
Reconhecer as nossas limitações, especialmente neste tempo de quarentena é também admitir que somos totalmente dependentes da provisão de Deus.
Entretanto, olhe para o lado, Deus pode estar enviando algum Simão Cirineu para lhe ajudar!
O trajeto de cruz também é uma oportunidade de experimentarmos a unidade, a vida em comunidade, ainda que virtual, em muitos momentos.
Neste tempo em que o medo toma conta dos nossos dias pelo que vivemos ou viveremos, escolha caminhar junto, ainda que não possa tocar.
Divida seus medos, compartilhe suas angústias.
Cante, dance, brinque, leia, ore.
Este caminho pode se tornar menos doloroso se compartilharmos com alguém!
Oração: Senhor, nosso coração se angustia quanto às incertezas em relação à vida, dominam nossas mentes.
A pandemia rouba a segurança da saúde, tira a alegria da vida, o tempo de comunhão física, tão importante em nossa cultura.
Mas depositamos nossa esperança no Senhor e te pedimos, renova nossa mente, nossa alma e nossa fé.
Que neste trajeto de luta, dor e ansiedade, possamos redescobrir formas de estar contigo. Cuide de nós e nos ajude a cuidarmos uns dos outros.
Em nome de Jesus, Amém!
Pensamento para o dia: Hoje irei dedicar meu dia em ajudar alguém em oração e palavras de esperança. Começarei com todos os profissionais da saúde!
Reverenda Fabiana de Oliveira Ferreira
Pastoral Escolar e Universitária - UMESP