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Não só família, mas ambiente externo influencia a delinquência juvenil, aponta aluna de Psicologia

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2022-10-21T15:21:42-03:00
Pesquisa foi apresentada no Seminário PIBIC do Congresso Metodista de 2021

Não é apenas o ambiente interno ao crescerem dentro de famílias disfuncionais, mas o cenário fora de casa nas periferias - que não oferecem oportunidades de desenvolvimento emocional e material - que marca grande parte da delinquência juvenil. Estudo da aluna do curso de Psicologia da Metodista Amanda Ferreira Simpioni reforça um quadro recorrente: jovens na faixa de 20 anos, homens, que começaram a praticar delitos na adolescência, ocupam grande parte do sistema prisional.

“É preciso intervir mais profundamente no ambiente externo desses jovens porque eles buscam fora das famílias a identificação com uma figura paterna, geralmente ausente desde que são crianças. Além disso, buscam alguém que os controle e os supra. Por isso são acolhidos por grupos de tráfico de drogas ou vão para pequenos delitos”, afirma Amanda, que elaborou sua pesquisa para o Seminário PIBIC de Iniciação Científica do Congresso Metodista 2021.

É fora de casa que esses jovens em conflito com a lei são recebidos por grupos que substituem mãe e pai, a primeira ausente porque precisa trabalhar fora durante o dia para sustentar a prole e o segundo, porque é comum não ter laços familiares fortes. “A favela é autossustentada, tem droga e todo mundo finge que não vê, ninguém liga, é natural...”, resumiu um dos entrevistados sobre o mundo periférico das cidades e a necessidade de intervenções com políticas públicas.

Pai ausente

A aluna do 8º semestre de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo confirma teóricos que ao longo dos anos estudam o comportamento juvenil antissocial. São pelo menos três conclusões: falhas ambientais na infância sobretudo na relação mãe-bebê, ausência paterna que leva à procura de outra figura para se identificar, e ambiente externo desfavorável.

Atos infracionais cometidos por adolescente aumentaram 50% de 2011 a 2015, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Citado na pesquisa do Seminário PIBIC, o pediatra e psicanalista Donald Winnicott diz que a tendência antissocial e a delinquência juvenil são fruto da privação do afeto quando criança, um pedido de socorro a pessoas que o jovem considera fortes e capazes de controlá-lo, além da falta do pai, uma figura que internaliza na criança os valores e as regras da família.

Também o psicanalista David Levisky afirma que a escalada da violência e criminalidade é atribuída à vulnerabilidade familiar, à educação precária e à falta de ações do Poder Público, desde inexistência de água e luz onde moram até famílias desestruturadas e falta de escolas.

Acompanhe a íntegra do trabalho Desenvolvimento Psicológico e Conduta Antissocial em Jovens Adultos em Conflito com a Lei a partir dos 46 minutos. A apresentação foi mediada pela prof. Miria Benincasa (foto) e a orientadora foi a prof. Hilda Capelão Avoglia.

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