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Ex-aluna de Jornalismo lança livro no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, 12 de junho

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2021-06-10T12:58:56-03:00

O Trabalho de Conclusão de Curso em 2010 já antecipava os rumos que a jornalista Bruna Ribeiro daria à carreira: o TCC foi um livro-reportagem sobre a vida de meninas internas da Fundação Casa. De lá para cá, o tema dos direitos de crianças e adolescentes aprofundou-se no exercício da profissão e ganha um ponto alto neste 12 de junho, quando a ex-aluna da Universidade Metodista de São Paulo lançará Meninos Malabares – Retratos do Trabalho Infantil no Brasil, pela Panda Books.

O livro retrata pelo menos uma dezena entre diversas formas de trabalho infantil que Bruna vem registrando ao longo dos anos para redações em que trabalhou, como Jornal da Tarde, Veja São Paulo e Estadão, onde mantém um blog. Até que em 2016 travou seu primeiro contato mais direto com organizações da sociedade civil, conseguindo "a vaga dos sonhos" de repórter em um projeto de enfrentamento ao trabalho infantil, a Cidade Escola Aprendiz, fundada por ninguém menos que o mestre jornalista Gilberto Dimenstein.

Meninos Malabares expõe uma ferida que não cicratiza no Brasil: crianças em busca de alguns trocados nos faróis, cemitérios, praias, feira livre, campo, lanchonete, oficina de costura, lixão e, mais atualmente, a mendicância na pandemia. “Depois trago um 11º perfil, chamado ‘Um possível recomeço’, onde apresento a história de uma família que está conseguindo romper esse ciclo. Por fim, um capítulo de dados e análises sobre trabalho infantil, para contextualizar a violação no Brasil”, relata Bruna Ribeiro, que tem a parceria de Tiago Queiroz Luciano, fotojornalista com quem já havia trabalhado no Estadão.

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Ano Internacional

O lançamento em 12 de junho não é casual. Nessa data se celebra o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. A ONU declarou 2021 como Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, um cenário agravado com a pandemia de covid-19.

“É muito triste a situação da fome durante a pandemia. Logo em março de 2020, quando começou o isolamento social e todos os comércios estavam fechados, crianças faziam fila na porta de restaurantes em busca de doação de marmitas. Enquanto ainda estávamos receosos em relação aos protocolos, algumas famílias não tiveram opção a não ser ir para a rua em busca de alimento”, conta ela sobre uma passagem do livro.

Segundo dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (rede Penssan), mais da metade da população (55,2%) estava em situação de insegurança alimentar no final de 2020. “Ou seja, não tinha certeza se haveria comida suficiente em casa no dia seguinte”, afirma Bruna, que se emociona com outro episódio narrado no livro:

“O trabalho infantil no lixão de São Paulo foi muito impactante, pois a comunidade está totalmente desprovida do acesso a políticas públicas. A escola mais próxima fica a 40 minutos a pé e é muito difícil encontrar um adolescente que ainda estude. Falta acesso a saneamento básico em cerca de 40% das casas e até 70% das residências consomem energia de forma irregular, de acordo com uma organização que atua no território. A vulnerabilidade é muito grande. Há uma montanha imensa de lixo, escalada por crianças e famílias em busca de material reciclável. É um cenário muito diferente do que estamos acostumados a ver no nosso ir e vir pelas cidades”, afirma ela, que aos 33 anos se diz marcada pelo Jornalismo da Metô com as reflexões das aulas de História e de Sociologia e Filosofia. Depois, pós-graduou-se em Direito Internacional na PUC-SP, com extensão na Academia de Direito Internacional de Haia, na Holanda.  

A Cidade Escola Aprendiz onde a ex-aluna da Metodista atua é uma organização que produz conteúdo sobre educação integral e direitos de crianças e adolescentes. Atualmente ela é gestora deste projeto, que leva o nome de Criança Livre de Trabalho Infantil. Seu livro será vendido em livrarias, pela internet e já está disponível no site da editora Panda Books.

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