Egresso de jornalismo está entre as 100 Most Influential People of African Descent Under 40, premiação reconhecida pela ONU
O jornalismo é a arte de democratizar a informação. Ser jornalista é se tornar o agente responsável por coletar, verificar e repassar a informação para o público. Crescemos vendo nossos pais assistirem ao Jornal Nacional, escutando o programa de rádio favorito ou comentando sobre alguma matéria que viram no jornal impresso.
Apesar de algumas dessas ações não serem tão mais frequentes, ou melhor, terem se repaginado como estar em um aparelho menor e vinculado à internet, o ser jornalista ainda é importante.
Para o egresso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, Renan de Souza, apesar dos anos de carreira, o sonho permanece o mesmo. Relembrar o passado é sentir mais uma vez o gosto doce da nostalgia. “Minha brincadeira quando criança era ser jornalista e eu gostava muito do jornalismo de TV. Eu sempre quis essa profissão para levar a informação, clareza e entendimento, para que as pessoas possam formar opiniões e fossem cidadãos mais informados sobre o país, a cidade que vivem e para que a nossa sociedade também melhore”, compartilha Renan.
A Universidade Metodista sempre teve uma boa fama com o curso de jornalismo, e isso fez com que o jovem Renan, de 2008, escolhesse a instituição como a responsável em ser o pontapé nessa jornada profissional tão marcante. “Eu escolhi a Metodista porque eu sou nascido e criado em Santo André. Na época, comecei a pesquisar as melhores universidades de jornalismo e me dei conta que ela estava entre as melhores do Brasil e do Estado de São Paulo. Não fazia sentido ir para São Paulo com uma universidade de ponta do lado de casa. A Metodista sempre teve uma boa reputação e profissionais gabaritados no mercado que se formaram nela”.
Com uma carreira bem construída, com passagens pelo SBT, CNN, CNBC Brasil, premiações como do Senado da Argentina, do Departamento do Estado Americano e agora, das Nações Unidas, Renan fala sobre a graduação de jornalismo, onde as aulas práticas, principalmente nos estúdios de TV, foram essenciais para o desenvolvimento profissional e preparação para o mercado de trabalho.
“Quando chega nas aulas práticas, durante o semestre, você muda de funções. Uma semana você é o apresentador do jornal, na outra você é o repórter e assim por diante. Foi ali mesmo que eu vi que queria ser jornalista de TV. Quando cheguei no mercado eu já estava muito mais preparado para essa área porque eu já tinha experimentado na faculdade”, fala.
Ainda relembrando a graduação, o egresso compartilha lembranças da época de estágio, onde a Central de Estágios da universidade foi essencial. “Ter uma carreira internacional bem construída e vindo do ABC, me orgulha muito. A graduação é um momento de sonho mesmo, é um momento de experimentar. Uma lembrança que tenho da época de estágio é quando eu passava todos os dias pelo quadro de avisos e Central de Estágios, para ver quando teria um na tv. E um dia desses, eu vi o estágio no SBT. Foi muito legal”, compartilha.
A importância do prêmio
Ser uma das 100 Most Influential People of African Descent Under 40, premiação reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem um impacto grande na vida de Renan, que sonha em ter uma ONG focada em ajudar, por meio da educação, jovens negros, periféricos e pessoas de classe baixa.
“Eu acho que ele (premiação) não é o final, mas um indicativo de que eu estou no caminho certo e que eu preciso fazer ainda mais. Eu posso fazer muito mais, tanto para mim quanto para pessoas afrodescentes no mundo a fora. Então, para mim, ele é um indicativo de que estou no caminho certo, que o que eu fiz até aqui foi verificado por uma outra autoridade, que foi reconhecido, que foi visto”, fala.
Quando se começa a ocupar espaços, portas se abrem para outras pessoas. A representatividade nos meios de comunicação, em premiações, em espaços acadêmicos, faz com que as pessoas se inspirem e se vejam inseridas nesses lugares.
“Na minha vida eu fui muito o primeiro. A primeira pessoa negra a se formar, a primeira a estar em certos ambientes, então essa questão de ser o primeiro faz com que você abra portas para outras pessoas, porque você estando em lugares onde você não é esperado, é normalizar os lugares de direito em que você deve estar, levando em consideração o Brasil que possui uma população majoritariamente preta e parda. Então isso é importante, enfrentar os desafios da sociedade e abrir portas para outros.
Educação como fator transformador
A educação tem um poder transformador na vida de alguém e Renan é a prova viva. Por meio da ONG que deseja criar no futuro, ele espera que a vida dos jovens seja mudada como a dele foi. “Eu acho que a educação é a chave, é a saída para que você consiga sair de uma vida onde, às vezes, você não está cercado de privilégios, então é a saída para que você consiga conquistas. Eu acredito que essa é a maneira que eu quero impactar”.
Por meio de programas que visam ajudar na ingressão de minorias no espaço acadêmico, as universidades podem auxiliar na transformação de uma sociedade mais justa. Durante toda a graduação de jornalismo, Renan foi bolsista, e isso permitiu que o primeiro passo do seu sonho fosse concretizado. “Eu tenho um carinho muito grande pela Metodista, no sentido de que, eu só consegui estudar porque eu consegui uma bolsa de 50%. Foi um desconto que me ajudou a pagar a universidade. Eu tenho um agradecimento enorme pela Metodista acreditar em talentos, por terem feito a análise e isso transformou a minha vida. Eu espero que isso transforme a de outras pessoas também”, pontua.
Inspirando gerações futuras
Para aqueles que estão na graduação de jornalismo ou pretendem entrar, Renan reforça a importância da perseverança e a educação contínua, já que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente.
“Depois de me formar em jornalismo, fui estudar Relações Internacionais e me tornei especialista nesta área. Com o jornalismo hoje em dia, você consegue vários nichos. É importante buscar essa complementação da formação. O fato de você ser especialista em uma área também te dá uma qualificação para que você se venda para o mercado como produto. Foi isso que eu percebi na época da graduação”, fala.
A internet e redes sociais também possibilitam que o trabalho que se cria seja mais possível de ser visto. Hoje em dia é possível usar essas ferramentas para que o mercado te veja com mais facilidade. “Com as redes sociais, é muito fácil você também ser o seu próprio veículo. Se você é um jornalista especialista em política, você pode criar a sua empresa e vender new letters de análise política para empresários, para tomadores de decisão. Acho que é importante pensar no jornalismo fora da caixa como uma área de empreendedorismo. Agora eu vejo que é possível, inclusive construí minha carreira assim”.
Última edição: 12 de fevereiro de 2025
Matéria por: Cindy Lima
Imagens: Arquivo pessoal