Ritos de passagem para adolescência agravam tendência suicida, mostra pesquisa de aluna de Psicologia
Um mal que ainda é tabu na sociedade e merece ser estudado por todas as áreas da saúde, não só da psiquiatria, o suicídio cresce sobretudo entre jovens. Estatísticas indicam haver pelo menos 1 milhão de suicidas todo ano no mundo. No Brasil foram 10 mil notificações em 2010, número que subiu para quase 64 mil em 2019, antes da pandemia.
“Anseios, preocupações e negações são próprios do ser humano, mas ficam acentuados na adolescência porque é um período de transição, de perdas de benefícios da fase infantil”, analisa a aluna Thalita Albanesi, do curso de Psicologia, que trouxe para o Congresso Metodista de 2022 uma análise sobre a obra Let Me Finish, do bioquímico e historiador Udo Grashoff.
Thalita expôs que entre os ritos de passagem dessa fase estão pelo menos três grandes perdas: a mudança do corpo e da autoimagem, a alteração do comportamento dos pais (perda daqueles pais de quando se é criança) e a psiquê infantil deixada para trás. “É um período em que o indivíduo revisita todo seu eu”, pontua ela em seu estudo Cartas de Adolescentes: Uma Análise Psicanalítica.
Eu empobrecido
O trabalho da estudante da Universidade Metodista de São Paulo analisa as cartas originalmente reunidas em Let Me Finish para reforçar o pensamento do psicanalista Sigmund Freud de que ninguém é neurótico e abriga ideias suicidas. “Mas coloca fim à vida porque se vê como um objeto e quer matar esse mesmo objeto”, acrescenta.
Thalita citou trechos das cartas onde há sinais de abatimento, da perda de amor próprio, do eu empobrecido e do desconhecido: “Algo está me tornando esquecido...não sei por que. Há um vazio interior, tudo que faz desaparece como nuvem de algodão”. Outro trecho diz: “Algo está me transformando em um animal...Todo ser humano é um saco”. Há ainda auto recriminação: “Me sinto desprezível...”.
Acompanhe a íntegra da apresentação realizada na noite de 25 de outubro, em trabalho que teve orientação da professora Miria Benincasa.
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Texto: Malu Marcoccia
Última atualização: 31/10/2022