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Só economia Donut salva o planeta do colapso ambiental, afirma estudioso

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2021-04-30T18:05:12-03:00

Crescimento infinito não é mais possível no modelo capitalista atual. Países com melhores condições sociais são justamente os que extrapolaram seus bens sistêmicos porque os PIBs exuberantes foram erguidos à base de sérios danos ambientais.

“É preciso impor limites ao crescimento a qualquer custo e buscar o equilíbrio entre consumo natural e o que a natureza pode oferecer à sociedade”, pontuou José Júlio Ferraz de Campos Jr, membro do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente da Faculdade de Economia e Administração da USP e palestrante do Café Sustentável promovido pelo Núcleo de Sustentabilidade da Universidade Metodista de São Paulo na noite de 29 de abril passado.

Júlio Ferraz explicou o conceito de economia Donut que ganha força como modelo de reconstrução do mundo pós-Covid e que prega a prosperidade das nações sem esgotar os recursos da Terra. Isso poderia ser feito com o “decrescimento” dos países ricos, para que nações pobres possam avançar no que lhes falta de bem-estar e combate à desigualdade extrema na distribuição da riqueza, disse o professor.

O conceito Donut foi emprestado da clássica rosca doce que remete a um círculo. Na parte interna estão o acesso a água potável, alimentação, moradia, saúde, educação, renda, igualdade de gênero, justiça e voz política. No círculo externo estaria o teto ecológico traçado pelos cientistas em relação ao planeta e que envolveria danos ao clima, solos, oceanos, camada de ozônio, água doce e biodiversidade abundante. Ou seja, uma economia regenerativa e circular, com benefícios sobre as sociedades e o ambiente.

Hipócritas

Também colaborador na Naifa Maruf Foundation para mitigação da pobreza na África e Ásia e da EMBRAPA, para restauração florestal por meio de Sistemas Agroflorestais na Amazônia, professor Júlio Ferraz acha corretas as críticas às ações ambientais do Brasil por parte das nações ricas, mas vê um paradoxo nesse posicionamento:

“EUA, Europa e países nórdicos exauriram seus recursos naturais, por isso são hipócritas ao criticar as políticas do Brasil”, afirmou.

Também se disse descrente do crédito de carbono, pelo qual países compensam a poluição de CO2 que causam financiando o sistema ecológico de outros. “É só uma licença para poluir outro lugar do planeta. Além disso, enxofre e partículas também poluem, e não só gás carbônico. Para eles, não tem compensação”, criticou, em palestra-debate mediada pelas coordenadoras do Núcleo de Sustentabilidade, professoras Tassiane Pinato e Márcia Sartori.

Acompanhe a íntegra da palestra.

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