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Setembro Amarelo estimula o falar e a escuta de quem pensa em suicídio

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2023-09-19T14:55:41-03:00

Falar é a Melhor Solução, slogan da campanha do Setembro Amarelo, tem dupla força de expressão. Falar sobre suicídio é cada vez mais necessário, pois se trata de uma ferida aberta na sociedade. E pedir para o suicida falar é a forma de permitir que ele abra o coração para sua dor sair.

“Em comum, essas pessoas sofrem uma grande dor e não veem saída, chegando a pensar no suicídio como forma de matá-la. Em geral, quem pensa em suicídio não quer necessariamente morrer, mas fazer aquela dor sair. Assim como sentimentos de alegria, orgulho e amor, a dor precisa ser expressa, senão sufoca”, orienta o CVV (Centro de Valorização da Vida), instituição mundial que oferece serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todos que querem e precisam conversar, sob sigilo e anonimato. No Brasil atende por e-mail, chat e pelo telefone 188, sem custo de ligação e 24 horas.

“O suicídio é uma mensagem cruel de alguém que estava em grande sofrimento”, define professora Valquíria Rossi, coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo. Na Umesp, o acolhimento se dá pelo serviço de Apoio Psicopedagógico quando há indicação de alguém pelo professor, coordenador ou outro funcionário. Esse suporte busca entender e diagnosticar o caso para depois fazer o encaminhamento do paciente. Também a Pastoral Universitária é disponibilizada como canal de escuta e diálogo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil, o que significa que essa atitude mata mais brasileiros do que doenças como AIDS e câncer. Por isso, a campanha Setembro Amarelo acredita que falar sobre o tema é uma forma de entender quem passa por situações que levem a ideias suicidas, podendo ser ajudadas a partir do momento em que são identificadas. A origem pode estar em quadros de depressão ou de consumo de drogas.

Segundo prof. Miria Benincasa, do curso de Psicologia da Metodista, não existe receita para identificar o risco de suicídio. Por esse motivo, qualquer indício deve ser investigado sem nunca considerá-lo como “tentativa de chamar a atenção” ou ameaça. ”O Ministério da Saúde, em parceria com o CVV, sugere alguns identificadores que podem ser observados por familiares e pessoas próximas: sentimento de desesperança, preocupação com a própria morte, expressão verbal ou escrita de ideação ou intenção suicida, isolamento mais frequente do que o comum para aquele indivíduo, presença de situação de crise sentida como incontornável”, enumera prof. Miria.

Respeito ao tempo da pessoa

É importante que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda. O ideal é o acompanhamento psicológico, além do apoio de família e amigos, que devem se colocar à disposição para ouvir. "Se não for um profissional da área, evite dar conselhos, mas ouça sem criticar, de forma aberta e acolhedora. Posteriormente, estimule essa pessoa a buscar ajuda adequada como CVV ou serviço de emergência. Se verificar que existe o risco de tentativa de suicídio, não deixe a pessoa sozinha e ofereça companhia para ir a um serviço de assistência à saúde", aconselha a docente de Psicologia da Metodista.

"A conversa pode obter melhores resultados se for feita em lugar tranquilo, sem pressa, respeitando o tempo da pessoa para se abrir”, acrescenta o CVV.

O Setembro Amarelo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio em 1994. Mike era habilidoso e restaurou um automóvel Mustang 68, pintando-o de amarelo. Por conta disso, ficou conhecido como "Mustang Mike". Pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram ajudá-lo. No velório, foi montada uma cesta com cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles havia a mensagem "Se você precisar, peça ajuda." Foi o estopim para um movimento mundial de prevenção ao suicídio.

 

Texto: Malu Marcoccia
Última atualização: 15/09/2023
Com informações de cvv.org.br e setembroamarelo.org.br

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