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Refletir sobre escravidão ajuda a mudar o modelo de educação, dizem especialistas

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2021-07-02T16:50:53-03:00

Qualquer ação de combate ao racismo nas escolas passa por refletir sobre o que foi a escravidão no Brasil para, então, mudar o modelo de educação ainda fortemente inspirado nos colonizadores europeus. Desde a negação da infância para crianças negras – logo cedo colocadas para trabalhar pelos senhores das senzalas – até a criação de movimentos paralelos como hip-hop e capoeira, os 350 anos de trabalho escravo ainda se refletem na pobreza e discriminação das minorias atuais.

“Nem todas as sociedades têm as mesmas noções do que é ser criança, geralmente entendida como pequeno adulto. Só a partir do século 18, na França, construiu-se um sentimento de que infância é um período de fragilidade, dependência, de necessidade de cuidados até que se atinja a autonomia da vida adulta”, discorreu o historiador e educador Rafael Domingos Oliveira, que falou sobre Infância e Escravidão no Brasil dentro da programação "As possibilidades da educação antirracista", promovida por alunos de Pedagogia EAD da Universidade Metodista de São Paulo.

Sociedade racializada

Um exemplo de sociedade racializada citado pelo historiador é a linguagem utilizada para se referir à criança negra, associada a menor abandonado, criança carente e até bandida. Já em relação à criança branca envolvida em violência, “a sociedade se choca e se movimenta como uma infância sendo interrompida”, pontuou Rafael Oliveira, dizendo que a escravidão perpetuou a criança negra como um adulto em miniatura cuja única missão é ser força de trabalho.

Já a ativista Cristiane Correia Dias, doutoranda em Humanidades, Direito e Outras Legitimidades - Diversitas  pela FFLCH da USP, discorreu sobre os conflitos sociais dos séculos 19 e 20, em que a educação não foi pensada para populações historicamente marginalizadas. O resultado é que, sobretudo o movimento negro, reagiu à chamada educação formal e eurocêntrica com “saberes oriundos das ruas”, a exemplo do hip-hop, teatro negro e capoeira.

“Foi uma forma de resistir e incomodar o status quo”, disse Cristiane, que citou os ensinamentos de sociedades originárias como os indígenas, sobre olhar o passado, refletir o presente e criar perspectiva de futuro. “Na Pedagogia, temos que criar disciplinas que dialoguem com esse contexto”, incentivou ela, que abordou em palestra o tema Pensamento Crítico e Educação Antirracista.

Veja a íntegra do evento promovido em comemoração ao Dia do Pedagogo, celebrado em 20 de maio e realizado em duas edições, em 22/05 e 26/06.

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