Professor participa da atualização da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho
O Ministério da Saúde renovou a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU) de 1 de setembro último.
Após 21 anos, a lista foi atualizada partindo do resultado de um trabalho de mais de dois anos de análise de listas internacionais (como da Organização Internacional do Trabalho, da União Europeia), representantes de trabalhadores, empregadores e especialistas na área de saúde de diversas instituições, entre as quais a Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), representada pelo professor dr. Bruno Chapadeiro Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde.
“Pude fazer parte do corpo técnico nacional responsável pela atualização da LDRT e dentre as mudanças mais significativas em relação à lista de 1999 foi termos ampliado o rol de reconhecimento de alguns transtornos mentais e cânceres”, afirma o professor.
Importância da atualização da LDRT
A atualização da LDRT é importante para empresas, instituições e funcionários dos setores públicos e privados entenderem termos importantes de vigilância sanitária e os atuais problemas de saúde gerados nos ambientes de trabalho.
A necessidade de discutir e promover soluções para diminuir doenças no trabalho é grande. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos maiores desafios para a saúde do trabalhador são problemas relacionados à tecnologia. Para Bruno Chapadeiro, é necessário que as políticas de saúde para o trabalho estejam atentas às consequências da chamada “tecnoestresse”, que pode gerar “precarização e perda do controle sobre a carga de trabalho que levam a sobrecarga, fadiga e estresse”, comenta.
Home office e desafios para a saúde
Com a pandemia, a modalidade home office tornou-se essencial para muitas empresas, possibilitando que funcionários evitassem horas parados no trânsito ou aglomerados em transportes públicos nas grandes cidades, mas também modificou a relação com o tempo de vida pessoal e profissional, o foco na realização de tarefas e a dificuldade em se desligar delas após a jornada de trabalho.
É o que mostra recente estudo realizado pelo LinkedIn com 2 mil profissionais, que entre os resultados apontou que 62% dizem estar mais ansiosos e estressados com o trabalho do que antes, 68% têm trabalhado pelo menos uma hora a mais por dia, com alguns (21%) chegando a trabalhar até 4 horas/dia a mais, com dificuldades em se desligar das atividades laborais, segundo informações publicadas no G1.
Os resultados da pesquisa apontam para várias doenças levadas em conta na atualização da LDRT, que segundo professor Bruno foi um árduo trabalho e incluiu a covid-19, surpreendentemente retirada da lista após revogação, conforme publicação do DOU de 2 de setembro de 2020.
“Foi com muito pesar que recebemos a notícia de supetão sobre a revogação da LDRT. É lamentável que um árduo trabalho de dois anos tenha se esvaído assim, numa canetada, sem qualquer justificativa tecno-científica. Consideramos que neste momento as organizações, sejam públicas ou privadas, levem em consideração as características individuais e de saúde dos trabalhadores e complexos fatores promovidos pela pandemia.”, comenta professor Bruno.