Presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneus, egresso de Comex fala de desafios do setor e da carreira
À frente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), que reúne as 11 maiores fabricantes brasileiras de pneus e 28 mil empregos diretos, Klaus Curt Müller está exercitando como nunca as linhas de estudos que aprendeu quando foi aluno do curso de Administração-Comércio Exterior da Universidade Metodista de São Paulo.
O setor que representa vive uma gangorra desde que, há dois anos, o governo federal baixou de 16% para zero a alíquota de importação de pneus de carga, gerando uma avalanche de compras no exterior e ociosidade na indústria nacional. Depois veio o Proconve, para veículos com motores a diesel que incorporam nova tecnologia redutora de poluentes. Por vigorar na totalidade neste 2023, o Proconve fez os produtores de veículos anteciparem as compras em 2022 temendo aumento de preços na virada do ano. Com isso, nova ociosidade se avizinha no parque nacional.
“Se essa situação continuar, a indústria pode decidir importar os pneus também e não mais produzi-los no Brasil. O País ficará dependente do mercado externo. De ter ou não pneu. O Brasil pode depender disso? Não pode, porque toda nossa logística roda sobre pneus”, preocupa-se Klaus, em entrevista à última edição da revista IstoÉ Dinheiro.
Diplomado na turma de 1989, o ex-aluno da Metodista fala com a autoridade de quem sempre trabalhou na área de formação. Primeiro voltado a importação e desenvolvimento de mercado nacional em empresas de comércio exterior, além de assessorar clientes em processos de importação. “Foi uma fase marcante porque permitiu que eu utilizasse os conhecimentos sobre importação, além de articular a entrada de produtos importados nas cadeias de produção nacional, já que na maioria das empresas atuei com B2B”, conta ao portal da Umesp.
Executivo de classe
Em uma segunda etapa, Klaus Müller passou a trabalhar em entidade de classe setorial da indústria nacional também na área de Comex e atuando em todos os tipos de operação (assessoria em importação e exportação), além de forte atividade na promoção de exportações e em negociações internacionais.
“Atualmente sou presidente executivo da Anip, o que possibilitou desenvolver outros conhecimentos na área de administração de empresas”, diz ele. No Ocidente, o Brasil é o único país que tem borracha natural e fábricas de pneus. Seu objetivo é fazer a produção nacional saltar dos atuais 40% a 45% para 100% de cobertura do mercado, eliminando as importações.
Adaptação sempre
Aos 55 anos, Klaus Müller diz que a atividade de comércio exterior tem boa empregabilidade, remuneração atraente e possibilita crescimento profissional. Atualização e adaptação são primordiais, a seu ver. “Podemos citar a tecnologia como exemplo, mas temos inúmeras faces que nos cobram adaptação, como liderança, gestão, governança e compliance, entre outros. Não há espaço para quem não se adapta todos os dias. Isso também é uma oportunidade de crescimento através de novos aprendizados, os quais, quando somados à experiência, formam o profissional completo”, diz ele.
Para os ingressantes na carreira, ele sugere calma e atenção nas escolhas desde o início, além de gostar dos temas para poder se aprofundar e destacar. “É muito mais fácil se destacar em temas que gostamos. Mantenha sempre a curiosidade e o espírito desbravador. As novas capacidades vêm dessas experiências, que nos tornam profissionais muito mais completos e seguros em todos os sentidos”, acrescenta.
Acompanhe também a entrevista à IstoÉ Dinheiro.
Texto: Malu Marcoccia
Ultima atualização: 30/01/2023