Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Psicologia participam de estudo sobre o impacto psicológico da COVID-19 na população brasileira
Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, em parceria com equipe de Psicologia, Neuropsicologia e Psiquiatria IPq (HCFMUSP) e Universidades de Portugal realizaram um estudo para medir os impactos psicológicos da COVID-19 sobre a população brasileira; os resultados exigem atenção.
O estudo aponta que, em razão da pandemia, o estilo de vida foi completamente modificado. As pessoas, antes acostumadas a sair para trabalhar, estudar, ter vida social, festas, acesso a lazer, se viram obrigadas ao confinamento em suas casas; a quarentena foi instituída como forma de evitar um colapso no sistema de saúde.
Associados à nova realidade, outros fatores intensificaram o problema: a todo momento, notícias dos números de contaminação e mortes pelo Coronavírus, economia prejudicada pelo fechamento de estabelecimentos comerciais e desemprego estão entre eles.
Falando especificamente do Brasil, há ainda outros problemas que agravam a situação: grande desigualdade social e econômica, extensão territorial e conflitos políticos e científicos.
Novos protocolos de higiene e segurança foram adotados, como evitar tocar em superfícies, uso frequente do álcool gel, máscaras de proteção para o rosto, desinfetar não só as mãos, mas as compras do mercado, as roupas, sapatos e tudo que puder ter contato com o vírus.
Segundo a pesquisa, realizada on-line no período de 22 de maio de 2020 a 5 de junho de 2020, nos 26 estados do Brasil e Distrito Federal, intitulada “Psychological impact of COVID-19” e publicada na revista científica PLOS ONE, os dados são preocupantes: mulheres (são a maioria a sofrer os impactos psicológicos em razão da pandemia), pessoas sem filhos, desempregados, estudantes, pessoas com doenças crônicas e participantes que tiveram contato com pessoas próximas infectadas ou diagnosticadas com o vírus estão mais suscetíveis ao impacto psicológico.
Contudo, a realidade da pandemia não poupa ninguém, nem mesmo os considerados mais estáveis, com bons empregos, formação universitária ou superior, casados; todos estão sujeitos a serem infectados.
O problema é que a depressão, ansiedade e estresse podem causar alterações no organismo e levar a outras doenças de ordem física e emocional.
Segundo o professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde na Universidade Metodista de São Paulo Antonio de Pádua Serafim, um dos coordenadores do projeto, algumas das soluções para o quadro no cenário brasileiro são: reformular a política pública de saúde, inserindo psiquiatras e psicólogos em unidades de saúde como UBS, Postos de Saúde e UPAs, além de campanhas informativas para desmistificar a ideia de que alteração da saúde mental se associa com “loucura”.
Serafim acrescentou ainda: “tivemos um grande desafio para aplicar esta pesquisa em território nacional, então desejo que os resultados deste estudo possam contribuir para maior conscientização quanto aos cuidados com saúde mental e maior protagonismo da Psicologia enquanto Ciência e prática profissional”.