Patrimônio histórico guarda a memória entre gerações, explica prof. Oswaldo de Oliveira
Do Pelourinho na Bahia às reservas da Mata Atlântica no Paraná, passando por literatura de cordel no Maranhão e rodas de capoeira em todos os Estados brasileiros, o Brasil é um dos países mais ricos em patrimônio cultural, natural, arquitetônico e imaterial. Por isso foi instituído o 17 de agosto para celebrar o Dia do Patrimônio Histórico Nacional.
A data foi escolhida em homenagem ao historiador e jornalista Rodrigo Melo de Andrade (1898-1969), responsável pela criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão cuida da proteção e preservação dos bens culturais nacionais, edifícios, centros urbanos e sítios arqueológicos com objetivo de assegurar a memória entre gerações.
“O patrimônio histórico nacional refere-se a bens culturais e naturais de valor significativo para uma nação, que são preservados e protegidos para as gerações futuras. Isso inclui edificações, monumentos, sítios arqueológicos, objetos, documentos, tradições, manifestações artísticas e culturais, entre outros elementos que têm ligação direta com a história e a identidade de um país”, explica professor Oswaldo de Oliveira Santos Jr, coordenador do Núcleo de Formação Cidadã da Universidade Metodista de São Paulo.
À herança cultural e histórica do patrimônio nacional, que prof. Oswaldo define como aquilo que pertence a todo o povo brasileiro, ele atribui extrema importância por várias razões:
- Identidade cultural: o patrimônio histórico é um reflexo da identidade e da história de um povo. Representa as raízes culturais, as tradições e os valores de uma sociedade, ajudando a fortalecer a identidade nacional.
- Turismo e economia: muitos sítios históricos e culturais são atrações turísticas populares, atraindo visitantes e gerando receita às comunidades locais e para o País como um todo. A preservação desses locais contribui para a indústria do turismo.
- Educação e conhecimento: o patrimônio histórico é uma ferramenta valiosa para a educação. Permite que as gerações futuras aprendam sobre a história do país, seus eventos importantes e as pessoas que moldaram sua trajetória.
- Memória coletiva: a preservação do patrimônio histórico ajuda a manter viva a memória coletiva das nações, lembrando acontecimentos significativos, conquistas e desafios enfrentados ao longo do tempo.
- Conservação ambiental: Muitos sítios históricos também possuem valor ambiental, incluindo áreas naturais protegidas. A preservação dessas áreas contribui para a conservação da biodiversidade e manutenção de ecossistemas saudáveis.
- Valor estético e cultural: arquitetura, artes visuais, música e outras manifestações culturais presentes no patrimônio histórico enriquecem a experiência estética e cultural das pessoas.
- Resgate de patrimônio ameaçado: muitos bens culturais e históricos estão ameaçados de degradação, destruição ou desaparecimento. O Dia do Patrimônio Histórico Nacional pode chamar a atenção para a importância da conservação e incentivar ações de preservação.
Bens da humanidade
Além de centenas de bens materiais e imateriais históricos nacionais, o Brasil, segundo a Unesco, é o 13º país no mundo com maior número de patrimônios também da humanidade, pois conta com 23 bens tombados em 17 Estados.
Cultura material e cultura imaterial são dois tipos de patrimônio que expressam a cultura e características de determinado grupo ou região. A cultura material é composta por elementos concretos, como construções e objetos artísticos. A cultura imaterial é relacionada a elementos abstratos, como hábitos e rituais, explica o coordenador do Núcleo de Formação Cidadã da Metodista.
Alguns exemplos de bens da cultura material brasileira classificados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) são:
- Centro Histórico de Ouro Preto (MG)
- Museu Histórico Nacional (RJ)
- Conjunto Arquitetônico de Paraty (RJ)
- Centro Histórico de Olinda (PE)
- Pelourinho (BA)
- Parque Nacional Serra da Capivara (PI)
- Universidade Federal do Paraná (PR)
- Conjunto arquitetônico de Brasília (DF)
- Conjunto de praias e montanhas do Rio de Janeiro (RJ)
O IPHAN tem registrado 47 bens imateriais, divididos em formas de expressão, saberes, celebrações e lugar. Confira alguns:
- Arte Kusiwa - pintura corporal e arte gráfica Wajápi (AP)
- Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA)
- Jongo no Sudeste (SP, RJ, ES, MG)
- Frevo (PE)
- Tambor de Crioula do Maranhão (MA)
- Roda de Capoeira (todos os Estados)
- Toque dos Sinos em Minas Gerais (MG)
- Ritxòkò: expressão artística e cosmológica do povo Karajá (TO, PA, GO, MT)
- Fandango Caiçara (SP, PR)
- Carimbó (PA)
- Maracatu Nação (PE)
- Teatro de Bonecos Popular do Nordeste
- Literatura de Cordel (RJ, DF, AL, BA, CE, MA, PB, PI, PE, RN, SE)
- Ofício das Baianas de Acarajé
Texto: Malu Marcoccia
Última atualização: 15/08/2023
Com informações do IPHAN