Novo reitor, professor Márcio Oliverio põe ênfase em cursos de saúde e tecnologia
Prata da casa, onde ingressou como aluno do Ensino Médio, graduou-se em Rádio e TV, pós-graduou-se em Marketing e fez mestrado e doutorado em Comunicação, professor Márcio Oliverio se dedica a incansáveis reuniões desde que assumiu, em 2 de janeiro último, a reitoria da Universidade Metodista de São Paulo. Cumpre fielmente um dos compromissos a que se impôs, o de fazer uma gestão “transparente e dialógica” com a comunidade acadêmica. Encontrou-se já com cerca de 150 colaboradores, entre professores e funcionários técnico-administrativos.
Aos 44 anos e vindo da Diretoria de Educação a Distância da Educação Metodista, professor Márcio se diz otimista com um cenário mais favorável à UMESP em 2020, afirmando que trabalha sobre o tripé processos-pessoas na busca da excelência no atendimento ao aluno, ensino-aprendizagem de qualidade e uma comunicação interna e externa com mais interlocuções e transparência.
Também diz estar atento às demandas por cursos que atendam às exigências do mercado de trabalho e à formação de valores para os jovens. Seu foco imediato está nas áreas de saúde e tecnologia, além de comunicação. O dirigente aponta também que a Metodista continuará mantendo a reputação construída e reconhecida no Grande ABC pela tradição e pelo compromisso com boa formação.
Acompanhe a entrevista que professor Márcio Oliverio concedeu ao Portal da Metodista na tarde de 13 de fevereiro:
Quais estratégias a Metodista adota para se posicionar no cenário da educação e montar o portfólio de cursos?
R - Assumi recentemente, por isso estamos ainda em período de construção e de captação de ideias. Temos pelo menos três eixos para trabalhar, que são ensino-aprendizagem, processos-pessoas e comunicação interna e externa. Neste primeiro momento, estruturamos discussões em cima desses eixos.
A Metodista continuará ofertando cursos importantes mas que jovens não enxergam retorno imediato no mercado, como Filosofia e História, ao contrário da demanda por formação em novas tecnologias, por exemplo?
R - Temos uma revisão de portfólio iniciada com esse olhar em 2020, principalmente nas áreas de saúde e tecnologia, que têm muita demanda no Grande ABC. As prefeituras da região têm focado muito na questão da tecnologia em função das transformações da indústria automobilística. E vamos também rever o conteúdo da área de comunicação, em que a Metodista é muito forte. Vamos agregar novos cursos em comunicação, como já acontece na Educação a Distância (EAD), assim como nas graduações de gestão.
No caso de graduações com baixa demanda, quero citar uma conversa interessante que tivemos com a secretária de Educação de São Bernardo, Silvia Donnini, sobre estágios remunerados que a Prefeitura oferece em licenciaturas. Estamos ofertando novos cursos de licenciatura na EAD e assim que sentirmos maior procura vamos adicionar novas graduações, inclusive presenciais, nessa área. Conversamos com ela sobre matemática, história, pedagogia e educação física.
Estamos dialogando com todas as prefeituras porque temos muito interesse na formação de professores. Em São Bernardo, a maior parte dos docentes da rede pública é formada pela Metodista e queremos alcançar esse patamar em todo o ABC. Entendemos que a Educação Metodista tem um diferencial de qualidade, visão crítica da sociedade e uma trajetória histórica em formar docentes.
Quais requisitos a Metodista pratica para ser a melhor universidade particular do ABC, conforme os últimos rankings da Folha de São Paulo e Estadão?
R - Hoje se fala muito em mercado, empregabilidade e empreendedorismo, o que achamos importante, claro, mas precisamos preparar as pessoas para a realidade dos próximos anos, que tenham capacidade crítica para fazer a diferença no meio profissional, social e familiar. Essa é, aliás, a missão da Metodista: formar profissionais capacitados que tenham compromisso com a sociedade.
Qual a vocação mais forte da Metodista: formação de profissionais, pesquisa ou projetos de extensão, ou seja, a conexão da academia com a comunidade?
R - Estamos fazendo estudos para entender, nesse momento, qual é a vocação da UMESP no ensino-aprendizagem, na pesquisa, no envolvimento com o Grande ABC, na internacionalização e também no compartilhamento de conhecimentos. O ensino superior sofreu fortes transformações nos últimos anos e estamos num período de análise para definir qual é o nosso melhor perfil. A partir do momento em que entendermos quem somos na região e quais os pontos fortes, projetaremos aonde queremos chegar e que caminhos trilhar num cenário de mudanças curriculares e de tantos desafios para os jovens.
No último censo do Ministério da Educação, as novas matrículas em EAD subiram 17% em 2018 e os cursos presenciais apresentaram queda de 2%. A EAD vai substituir a sala de aula presencial como certificação acadêmica?
R - Não, a Educação a Distância não veio substituir a presencial e não é intenção da Metodista que isso ocorra. Há perfis de alunos para as duas modalidades, que não são excludentes. Temos alguns fatores que contribuem para o crescimento da EAD, como a difícil mobilidade urbana, as mensalidades mais acessíveis e a capilaridade que possibilita estudar em locais onde não há curso superior.
O ensino presencial tem seu espaço e lugar bem definido para quem se dedica com intensidade ao aprendizado, à iniciação cientifica, em projetos de extensão, em intercâmbios internacionais, na publicação de trabalhos e num conjunto de oportunidades que a Metodista oferece nos seus campi dentro da inter-relação estabelecida entre as diferentes áreas do conhecimento.
A tendência é que EAD ultrapasse o presencial, mas estamos em um momento de transição, de maturação dos modelos. Neste momento se fala muito em ensino híbrido, em que parte das atividades é realizada de forma presencial e parte online. Na Metodista já temos os três modelos e o aluno escolhe o que mais o identifica. Nossa ideia é ter um portfólio amplo em todas as modalidades para que o aluno também tenha a possibilidade de migrar internamente, ou seja, trocar um presencial por EAD e vice-versa.
Hoje com 18% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, menor que Argentina e Uruguai, o Brasil está longe de inserir 33% dessa população até 2024, conforme meta do Plano Nacional de Educação (PNE). Acha isso possível?
R - Pesquisas mostram que matrículas no ensino superior praticamente acompanham o PIB do País. Se a economia cresce, a inserção aumenta. Do contrário, fica estagnada ou as pessoas deixam de estudar. Apesar de termos perspectivas de crescimento do Brasil, isso ainda não impactou nas IES como um todo.
A Metodista tem feito trabalho intenso de captação e inclusão, como bolsa social para alunos de menor renda e ajustes para baixo nas mensalidades para se adequar à realidade do País. Oferecemos também vagas no FIES, financiamento estudantil com recursos do governo federal. O cenário econômico ainda é delicado, mas acreditamos que, a partir do momento em que o Brasil avançar, mais pessoas poderão acessar nossa universidade.
Os momentos mais difíceis passaram?
R - Sim, estamos em um momento de retomada do nosso espaço na região. Há muitas novidades para este semestre. O que posso adiantar é que estamos trabalhando em diferentes projetos. Temos grupos trabalhando a questão de processos-pessoas em busca da excelência no atendimento ao aluno. Isso faz parte do nosso tripé, ao lado de ensino-aprendizagem de qualidade e de uma comunicação interna-externa mais transparente e dialógica.
Temos muitos desafios, mas também uma avenida de possibilidades. Por isso estou otimista. Temos que mostrar que somos uma universidade pulsante, com uma comunidade acadêmica viva e comprometida com a Metodista, mesmo nos momentos difíceis, que vem trabalhando e dando o seu melhor.
Temos projetos de internacionalização e de curricularização da extensão universitária. Passamos por momentos difíceis, mas agora é o momento da retomada do crescimento.
A marca Metodista continua forte no Grande ABC mesmo com a chegada de várias IES nos últimos anos?
R - Estudos de empresas educacionais mostram que as universidades regionais voltaram a crescer comparado aos grandes grupos do setor. Isso ocorre muito em função da tradição dessas escolas junto à sua comunidade, com pais, mães e tios que estudaram na instituição e querem colocar filhos e parentes.
Esses pais e mães conhecem a Metodista, sabem do compromisso com a educação, e aos poucos as pessoas vão escolhendo pela qualidade, pelo diferencial, pela formação que tiveram. A Metodista continua sendo forte na região e a ideia é avançar, com novas gerações participando da nossa história.
A Educação Metodista tem essa capacidade por onde passa, formando e marcando a vida das pessoas.
Já há ação visível da sua gestão?
R - Sim, creio que o primeiro passo foi ouvir a comunidade acadêmica e caminharmos juntos na solução das demandas da universidade. Além disso, aumentamos em 40% o portfólio da EAD e temos cursos novos como Odontologia noturno e Ciência de Dados-Big Data, este sendo o primeiro curso de graduação superior na região. As demais IES o oferecem como pós-graduação.