Mestranda em Educação da Metodista coordena livro de alunos da EJA de Santo André
Depois de superarem os tropeços de uma vida de privações materiais e até morais por estarem longe do acesso a livros e conhecimentos, alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Santo André se preparam para novo desafio. Em 1º de julho próximo vão se consagrar como autores de suas próprias histórias, que passam a ser eternizadas no livro Memórias de Vida a ser lançado no saguão do Paço Municipal.
São 83 histórias contando parte das autobiografias e de como estar num banco escolar transformou as vidas desses alunos, na faixa dos 20 aos 70 anos. Uma das incentivadoras da publicação é Alexandra Henriques Ferreira, aluna do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo e diretora da unidade de ensino de Santo André.
Junto a outras coordenadoras do projeto, Alexandra se diz entusiasmada por se tratar de uma iniciativa inclusiva, voltada a estudantes com e sem deficiência. “O livro será bastante interativo e inclusivo, com QR Code que leva para uma plataforma narrada em libras e terá uma versão em braile”, antecipa ela.
Quem sou eu?
A ideia de Memórias de Vida surgiu com a retomada das aulas em 2022 após dois anos de isolamento social com a pandemia de covid-19, a partir da provocação de um professor de português para uma dinâmica sobre “Quem sou eu?”. Alexandra Henriques diz que, ao começarem a ler tantas histórias marcantes, os educadores decidiram documentar essas vivências. “Todos os professores abraçaram a ideia”, relembra, acrescentando emocionar-se com a experiência de ser ouvinte, leitora e idealizadora da publicação.
A EJA está abrigada no CPFP (Centro Público de Formação Profissional) Valdemar Mattei, em Santo André, em um complexo educacional integrado também pela Creche Profa. Yonne Cintra de Souza e pela Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental Prof. Nicolau Moraes Barros. Todas as unidades trabalham articuladas com o Polo Bilíngue, destinado aos alunos surdos: ali, eles aprendem Libras (Língua Brasileira de Sinais), português e demais componentes curriculares. Do outro lado da rua, também contam com apoio do Polo de Deficiência Visual.
Há tempos, a equipe da escola pensava em uma estratégia de valorização da EJA. “É um campo tão esquecido pelos governos”, lamenta a aluna da Metodista, que aos 41 anos está concluindo o 1º semestre de Mestrado e pretende desenvolver tese sobre “O desafio da formação de professores pós-pandemia”. Antes de dirigir o CPFP-EJA da Prefeitura de Santo André, sua dedicação de 25 anos à área de Educação soma passagens desde o berçário até a universidade, em instituições particulares e públicas.
“Meu objetivo como aluna do Mestrado Metodista é ampliar meus conhecimentos e práticas, ter melhor aprimoramento profissional e contribuir para melhorar a qualidade da educação na nossa cidade”, diz ela.
Conheça mais sobre a EJA em Santo André no Portal Porvir e sobre o projeto do Memórias de Vida.