Jornalista convoca a população a ter responsabilidade ética na multiplicação de mensagens
Somente nos três primeiros meses da pandemia de covid-19 no Brasil, em 2020, os serviços de monitoramento e checagem de fake news detectaram cerca de 6,3 mil informações falsas sobre o vírus recém-descoberto. Com a sociedade hiperconectada e a facilidade de disseminar mensagens por plataformas digitais diversas, qualquer pessoa produz e reproduz conteúdo, na maioria das vezes sem a devida cautela para temas duvidosos.
“Hoje todos produzem e repassam conteúdos, mas sem a responsabilidade ética de um jornalista de bem informar. É preciso fazer uma curadoria do que recebemos e reproduzimos. Todos deveriam ter essa preocupação do bom jornalismo”, falou o radialista e escritor Milton Jung em palestra a alunos da Universidade Metodista de São Paulo na noite de 7 de maio passado.
Ansiedade informacional
A convite do curso de Jornalismo EAD, o âncora da Rádio CBN lamentou o impacto de levar adiante uma mensagem errada e atribuiu a atitude ao que chamou de ansiedade informacional. Jung citou Daniel Levintin (A Mente Organizada, 2015) para mostrar que em 30 anos quintuplicou a quantidade de dados que chegam ao longo de um dia, o que equivale a 170 jornais.
“Nem tudo que circula nas redes é informação. Nosso cérebro não consegue absorver tudo o que vem por apps, plataformas digitais e canais de notícia. Por isso, deixamos de prestar atenção ao que realmente é verdade ou interessa e vamos reproduzindo tudo”, descreveu, mencionando também o estudioso futurista Tiago Mattos, segundo quem precisamos promover uma “desinfoxicação” e escolher fontes confiáveis, apurar e depurar a informação.
Milton Jung insistiu no bordão “se é fake, não é news (se é falso, não é notícia)” para ressaltar que a notícia é sempre investigada por jornalistas. Também detalhou o que elencou como quatro passos mágicos da comunicação. O encontro encerrou com debate mediado pela coordenadora da graduação, professora Tassiane Pinato.