Estudantes de Ciências Econômicas analisam impacto do Pix no mercado e da automação junto aos empregos
A transformação que duas ferramentas da era tecnológica impuseram ao mercado – automação de processos e transferência de dinheiro por Pix – foi tema de pesquisas de alunos de Ciências Econômicas apresentadas no Congresso Metodista 2023. No primeiro caso, é inevitável o impacto da automação sobre eliminação de empregos, já que substitui mão-de-obra repetitiva. Já o Pix pode significar abertura de postos de trabalho, na medida em que promoveu a inclusão financeira levando milhares de novos clientes aos bancos.
Não quer dizer que todas as funções do trabalho serão extintas, mas estarão mais automatizadas, segundo mostrou o aluno Thiago Giorgi Borioli. Na agropecuária e no comércio, por exemplo, a probabilidade de automação chega a 79% e 75%, respectivamente, com o uso de drones e sensores de solo ou então de caixas com leitura digital de preços. Depois vêm a construção civil (70%) com utilização de impressoras 3D e máquinas automatizadas nas obras, o setor de serviços (65%) com a disseminação dos call-centers e a indústria (69%) com o crescimento da robótica.
“É uma forma muito impactante que chega num Brasil em crise econômica, com baixo nível de crescimento e alto desemprego. Por isso há necessidade de cooperação entre governo, sindicatos e empresas, além de fortalecimento da educação, programas de requalificação e incentivo aos novos tipos de empregos”, discorreram os alunos do grupo de pesquisa O futuro do trabalho: uma perspectiva econômica sobre a automação e seus impactos na empregabilidade brasileira na atualidade.
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Bancarização
Na outra ponta, o novo instrumento de transferência de recursos, o Pix, trouxe mais velocidade e facilidade para um ativo ser convertido em caixa em qualquer hora do dia, o que acelera a entrada e saída de recursos das contas e pode incentivar o aumento da atividade econômica.
Segundo a aluna Mayara Denise Souza, a aceitação do Pix pelos brasileiros levou a uma disputa pelos clientes entre bancos, o que ajuda a reduzir tarifas, além de promover a bancarização de milhares que estavam fora do sistema financeiro. Só usa Pix quem tem conta bancária.
“Criado em novembro de 2020, o Pix tomou espaço de todas as demais transferências, só restando DOC e TED, já que até o papel moeda está menos movimentado”, mostrou a aluna. Em pesquisa que fez com 75 usuários, 28 aderiram ao Pix, 25 usam mais cartão de crédito, 21 usam débito e nenhum transaciona com dinheiro em espécie, mostrou Mayara em trabalho com o título A importância do Pix como inovadora ferramenta de pagamento instantâneo no Brasil: uma análise do período 2020-2023.
A noite de apresentações das equipes de Ciências Econômicas, em 24 de outubro e sob mediação dos professores Silvia Okabayashi e Moises Pais dos Santos, também envolveu os temas:
- Análise da relação entre homicídios e seus determinantes socioeconômicos no Estado de São Paulo
- O impacto da legalização da maconha no Brasil
- Aviação comercial brasileira
- A relação entre inflação e desemprego no Brasil no Covid-19
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Texto: Malu Marcoccia
Última atualização: 25/10/2023