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Especialista alerta para criações de Inteligência Artificial enfatizarem pessoas brancas e desinformação

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2023-08-14T14:08:57-03:00

Quem não se lembra da foto do papa Francisco viralizando nas redes sociais vestindo casaco branco tipo puffer, digno de qualquer influencer estiloso, ou do ex-presidente Donald Trump entrando em conflito direto com policiais após depoimento sobre a invasão do Capitólio em 2022?

Além do fato comum de terem sido criadas por IA (Inteligência Artificial), as duas imagens geraram polêmica idêntica: eram montagens, portanto, totalmente falsas, embora quase perfeitas e críveis. A questão levantada é o risco que a massificação da IA generativa está criando na veiculação de informações e imagens fake, já que sua base é a internet com tudo de bom e de mal postado na rede mundial de computadores.

“Como leitores, estamos preparados para identificar uma informação falsa? O que fazem jornais, TVs, escolas e redes sociais para refinar essas veiculações? Pior: existem componentes de branquitude nas fake news. Predominam nas plataformas modelos de homens brancos, bem-sucedidos, rosto ideal, corpos magros, marcas da moda. Não vemos um modelo afro ou latino-americano”, advertiu Pollyana Ferrari, professora da PUC São Paulo, que falou na aula magna do Mestrado-Doutorado da Metodista sobre Desinformação, IA e o Pacto da Branquitude, na tarde de 9 de agosto.

Regulação das redes

Esse cenário leva a docente a defender a regulação das redes sociais e das postagens construídas com Inteligência Artificial, a exemplo do controle existente sobre as indústrias do tabaco e bebida. A seu ver, as big tech já dominam há 25 anos o mercado digital e não irão se autorregular.

“Lutamos durante tantos anos contra a colonização branca, a escravidão e o racismo, e agora entregamos a informação a um algoritmo pré-treinado com dados de branquitude”, apontou Pollyana, autora de 10 livros sobre comunicação digital. Ela teme que grandes portais de mídia estão replicando vídeos e imagens geradas por IA como se fossem verdadeiras e ajudam a viralizar marcas e personas não reais. “Pelo menos 80% do conteúdo do Tik Tok é falso”, citou.

Além de reforçar mentiras, preconceitos e maus sentimentos coletados pela IA na internet, outro alerta feito pela especialista é que a Inteligência Artificial é geradora de desemprego crescente, pois a maior parte das plataformas e ferramentas é manipulada por robôs. É o caso dos chats de atendimento ao consumidor, dos sites de relacionamento e dos bots de e-commerce. Citou também que até mesmo plataformas de seleção de candidatos a emprego já são direcionadas a excluir candidatos na origem, já que programam a vaga, por exemplo, para homens, até 35 anos, branco, pretensão salarial limitada, entre outros.

A docente também mostrou que a chinesa Xinhua tem uma apresentadora que fica no ar 24 horas por dia, "não falta, não engasga, não erra a apresentação. "Queremos isso?", perguntou.

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Texto: Malu Marcoccia

Última atualização: 11/08/2023
Fotos: Malu Marcoccia / Amanda Ganzarolli

 

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