Economia circular ainda não é prioridade entre empresas, debate curso de Logística
Se boa parcela dos cidadãos comuns já separa lixo orgânico do reciclável e questiona a necessidade de determinados tipos de consumo, essa preocupação ainda é remota nas empresas. “Temos uma crise hídrica em andamento, água é um resíduo básico de produção, por isso não é possível à empresa confiar que só a ponta do consumidor deve fazer sua parte”, afirma professora Renata Eisinger, coordenadora do curso de Logística da Metodista e mediadora de mesa-redonda sobre Economia Circular, Desafios e Oportunidades.
O conceito prevê que, desde a concepção e projeto, um produto deve ser pensado sobre como será seu destino ao término da vida útil, já que muitos podem ser reaproveitados como material secundário para novos artigos. “Não é mais possível aderir à pregação de economistas de incentivar crescimento infinito num mundo finito como o nosso”, advertiu prof. Marcelo dos Santos, diretor do campus Rudge Ramos da Umesp. Ele citou que antigamente produtos eram feitos para durar mais de 30 anos, mas a lógica do lucro incessante conduziu à fabricação de produtos descartáveis em pouco tempo de uso e retirada cada vez maior de matéria-prima da natureza.
Produtos orgânicos
No evento, promovido pelo curso de Logística dentro do Congresso Metodista 2021 de Iniciação e Produção Científica, professor Kleber Elói mostrou como a Rhodia pratica há décadas a economia circular, antes denominada apenas de reciclagem. Fabricante de fios de nylon para produção de tecido, o resíduo dessa produção é reutilizado e se transforma em novo polímero que pode ser usado em calotas de carros ou esponja de limpeza.
“Dentro dos 10 Rs da economia circular, temos o setor de manufatura-remanufatura que criou o fio Rice Recycle, utilizado em camiseta que, se for para um aterro após o uso, tem a biodegradação abreviada para três anos, contra 30 anos de um tecido feito de poliamida”, apontou prof. Kleber, também funcionário na Rhodia.
Na mesa-redonda foi apresentado o case da Sense Brainy, uma confecção de roupas que utiliza algodão 100% orgânico e sustentável e óleo de casca de arroz. Como forma de incentivar a consciência da economia circular, prof. Rodolfo Silva, da ESPM, sugeriu iniciativas como cash-back, em que cidadãos e condomínios que organizam reciclagens são bonificados com outros produtos ou podem investir em iniciativas que diminuam a emissão de gás carbono.
Acompanhe a íntegra do evento.