Evento sobre os 100 anos do Rádio no Brasil aconteceu neste último 6 de setembro
Em 7 de setembro de 1922, no dia da celebração do centenário da Independência, na antiga capital do Brasil, Rio de Janeiro, foi o ponto de partida do Rádio no país. Uma experiência de Radiotelefonia diretamente do Rio de Janeiro, com transmissão, apesar do som não ser de boa qualidade, para São Paulo, Petrópolis e Niterói.
Porém, há registros em 6 de abril de 1919, em jornais de Recife e no diário de Pernambuco, uma convocação para a fundação do Rádio Clube de Pernambuco, feita por estudantes de rádio eletricidade e rádio telefonia, onde se percebe que os estudos de rádio já antecedem esta data, e se estendem até 1923.
Existe uma certa controvérsia com a exata data de nascimento do Rádio no Brasil, pelo fato de que por anos foram experimentações, e apenas em 1923 que tivemos a primeira rádio no país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
O evento em comemoração ao Centenário do Rádio no Brasil, que aconteceu neste último 6 de setembro de 2022, realizado pelo Curso de Jornalismo da UMESP, com Filomena Salemme como idealizadora do evento, além de trazer pessoas que fazem parte desses 100 anos, trouxe a exposição do acervo do jornalista e historiador, Pedro Vaz, que conta com equipamentos, livros e peças, que fazem com que a memória afetiva entre em jogo, e o sentimento de nostalgia se torne presente para aqueles que cresceram com o rádio.
As grandes redes, rádio regional e o futuro
Quando perguntado sobre como as grandes redes afetam a formação de novos profissionais, Alex Ricardo, apresentador e narrador esportivo, lamenta. “A gente lamenta a história do Rádio, justamente essas grandes redes que acabaram não só com o futebol, mas o noticiário local, com muitas emissoras, e aí vem o desemprego, e isso vem minando o emprego de muita gente”, e completa a fala mencionando que existe um futuro com a Rádio Web e canais do YouTube. “Hoje, o profissional que quer entrar nessa função de narrador, de repórter, ele pode montar a sua rádio, ele pode tomar a iniciativa.”
Sobre o apagamento das emissoras locais, Anderson Afonso, jornalista que passou pelas rádios Eldorado, BandNews e Rádio ABC, comenta que atualmente mudou a forma de consumir a notícia, mencionando o podcast, falando que é rádio, e que a diferença é a opção do ouvinte escolher escutar determinado programa no seu tempo e não no tempo da programação.
Karina Fonseca, ex-aluna Metodista, que trabalha atualmente na Rádio e TV Imaculada, conta que o desafio por trabalhar em uma rádio religiosa é atrair o público jovem, enquanto continua fiel ao público já presente. “Hoje a nossa rádio é 24h, sem comercial...para a gente produzir 24h são para diversas redes do Brasil inteiro, e ao mesmo tempo você não pode perder aquela essência do que é a rádio religiosa, mas, de alguma forma, tentar colocar aquilo que aprendemos em sala de aula com os nossos professores, e atraindo esse público mais jovem, né? Porque o rádio ele não morreu, ele vem se atualizando”, e completa dizendo que é responsabilidade da juventude levar o legado do rádio adiante.
Rádio é o meio que mais se adaptou as mudanças tecnológicas, Karina ainda menciona que o rádio é o acompanhante da dona de casa ou do estudante no metrô. Pedro Vaz, jornalista e historiador, menciona que a linguagem do rádio é a descritiva, que quanto mais descritivo é o texto, mais enriquecido fica. Pedro ainda compartilha um certo receio em relação ao avanço tecnológico, que é a falta de diferencial no conteúdo, além de que hoje é frequente ver uma nota de “erramos”, sendo que antigamente era inadmissível.