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Cresce discriminação contra idosos e PcD na pandemia, mostram estudos do PPG em Psicologia da Saúde

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2021-11-10T17:47:53-03:00

A pandemia de Covid-19 não escancarou apenas a desigualdade social no Brasil, como acentuou a discriminação contra idosos e pessoas com deficiência (PcD), segundo estudos de alunas do stricto-sensu de Psicologia da Saúde da Metodista. Com o isolamento social, pessoas com mais de 60 anos aumentaram o temor da demissão devido ao estereótipo de que seriam pouco úteis no mercado de trabalho, enquanto PcD viram realçada a segregação que já enfrentavam na escola, no trabalho e no convívio social.

“As empresas terão que repensar a organização do trabalho porque em duas décadas idosos serão maioria da população e da força de trabalho disponível. É preciso priorizar os colaboradores mais velhos nos treinamentos e promoções”, afirma a doutoranda Marlene da Rocha Pereira. Na mesma linha, a também doutoranda e professora Carla Palhavã é direta: “O Brasil tem as melhores leis para pessoas com deficiência, mas não as melhores práticas. Elas ainda enfrentam barreiras físicas de mobilidade e nas relações humanas”.

Ao lado da mestranda Estela Douvletis, Marlene e Carla participaram do Congresso Metodista 2021 em mesa redonda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Saúde sobre Trabalho e Saúde pelas Perspectivas de Envelhecimento e Inclusão em Tempos de Pandemia. O evento foi mediado pelo professor e orientador Bruno Chapadeiro Ribeiro na manhã de 27 de outubro.

Marlene Rocha discorreu sobre o ageísmo (conjunto de atitudes negativas ou positivas frente ao envelhecimento), lamentando que no Brasil prevalece a desvalorização da população acima de 60 anos. Essa população somava 14,6% em 2017 e chegará a 25,5% dos brasileiros em 2060, sendo que já em 2030 ultrapassará a faixa de 0 a 14 anos, segundo o IBGE, seja pela maior expectativa de vida seja pela redução no número de nascimentos.

“É preciso colocar na agenda da cidadania a melhor inclusão do aumento da idade média, porque as empresas vão precisar dessa mão-de-obra”, salientou a doutoranda, expondo o cenário de discriminação na contratação de idosos, na aceitação de subempregos para complementar a aposentadoria, no deboche porque não dominam plenamente as novas tecnologias e no desrespeito dos jovens que antes tinham nos idosos suas fontes de sabedoria. Agora se informam pela internet.

Longe de espelhos

Como eles, as PcD também ficaram vulneráveis com o isolamento social, segundo a professora Carla Palhavã. Calçadas malfeitas, falta de elevadores, restaurantes ou escolas sem acessibilidade, entre outros, continuam sendo desafio para essa população, que segundo o IBGE eram 26% dos brasileiros com algum grau de deficiência em 2010. “Temos que focar na qualidade da inclusão, porque quantidade de leis já temos”, falou referindo-se às cotas nos empregos, segurança de matrícula nas escolas “normais” e, na pandemia, garantia de emprego. Mas, segundo disse, nem sempre as pessoas estão dispostas a conhecer semelhantes que não são espelhos delas, que se incomodam quando o outro tem uma diferença destacada.

Estela Douvletis discorreu sobre a transição do modelo de PcD centrado na doença e agora prevalecendo o perfil biopsicossocial, que leva em conta a funcionalidade e capacidade de a pessoa executar tarefas, independe de sua limitação física ou mental. Também explicou como é um Laudo Caracterizador de Deficiência utilizado nas organizações.

Tanto o mediador do evento, prof. Bruno Chapadeiro, como a diretora do campus Planalto e coordenadora do lato sensu em Psicologia Organizacional (EAD), prof. Valquiria Rossi, destacaram a importância do tema da acessibilidade, diversidade e aceitação do diferente. O debate teve tradução simultânea pela intérprete de Libras Andrea Tavares de Oliveira.

Veja a íntegra da mesa redonda no Congresso Metodista 2021.

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