“Sou político”. Provavelmente vocês estranharam meu título! Mas quero comentar que a palavra político tem um significado muito nobre. Indica uma pessoa que cuida da cidade, cuida de seu povo, enfim, administra coisas públicas para o bem comum.
É da palavra grega pólis (cidade) que deriva o termo “politikós”, que no Português ficou como “político”.
Contudo você pode dizer: “Mas, isto não tem nada a ver com o significado atual! Pois em sua grande maioria os políticos brasileiros apresentam-se como ladrões, trambiqueiros, entre outras coisas; carregam dinheiro na cueca, na meia, e sabe-se lá aonde mais...”
Bom, nem sempre a pessoa faz jus ao que de fato significa o nome de sua profissão. Roger Abdelmassih, por exemplo. Ele tem o título nobre de médico, no entanto é acusado de usar sua santa profissão para abusar de indefesas mulheres. Da mesma forma, os muitíssimos casos de corruptos dentre autoridades conferiram ao nome político essa carga de significados ruins. Infelizmente isso tem acontecido pela impunidade, pela sede insaciável de poder, bem como, infelizmente, pelo silêncio dos cidadãos de bem do País. Isso nos lembra Martin Luther King que muito apropriadamente disse: “O que me preocupa não são os gritos dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Ao contrário do que muita gente pensa, inclusive dentro de nossas comunidades religiosas, política não é lugar para bandidos não! É lugar para pessoas boas, compromissadas com Deus e com o próximo. Como dizia Wesley, o fundador da Igreja Metodista: “Dai-me um grupo de pessoas que não tenha medo de nada exceto do pecado, que eu transformarei o mundo”. Portanto, precisamos, sim, ter na política pessoas compromissadas com os valores do Reino de Deus, que trabalhem fervorosamente e consigam promover a dignidade humana.
Mas para sermos justos é preciso ressaltar que embora muita gente possa resmungar, infelizmente a corrupção dos políticos nada mais é que reflexo de grande parte da sociedade brasileira. Pois o que acontece? Enquanto muitos criticam o “político” que escondeu dinheiro na cueca, esses mesmos cidadãos não declaram imposto de renda; ou adquirem uma mercadoria no valor de 10 reais e pedem nota fiscal no valor de R$ 30,00 para serem reembolsados pela empresa em que trabalha; ou vendem seu voto por um saco de cimento... E depois querem cobrar honestidade de seus representantes! Se cidadãos vivem de maracutaias, daí fica difícil, não é mesmo?!
Mas nossa alegria é saber que existem bons brasileiros. Quer um exemplo? O sr. Francisco Basílio Cavalcante, 55 anos, cearense de Sobral, brasileiro educado até à terceira série, auxiliar de serviços gerais. Em março de 2004 deu exemplo de verdadeira cidadania ao devolver US$ 10.000,00 (dez mil dólares). Ou, se preferir, R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Devolveu tudo! Não pôs a mão em um centavo dessa alta quantia de dinheiro! Mesmo estando naquele mesmo dia muito preocupado pois não tinha conseguido pagar uma conta de luz no valor de 28 reais! Ao ser indagado por que devolvera aquele dinheiro, seu Francisco respondeu: “Tem que ser assim, moço! O que não é nosso precisa ser devolvido!” O que me alegra é saber que há milhares de pessoas como este homem, e é de gente assim que precisamos. Creio também haver muitos Brasileiros/as assim na atual política – e queremos muitos outros, honestos e dignos! É necessário gastar tempo para votar a fim de que o mundo seja mais ocupado por pessoas tão honradas e justas quanto o faxineiro Francisco.
Prezados leitores: precisamos pensar seriamente sobre o tema da política, principalmente no período atual, pois em outubro elegeremos as principais autoridades de nosso país, como Presidente, Deputado Federal e Estadual, além dos representantes para o Senado. Temos que votar com consciência. Faça uma análise de todos os candidatos; e perceba o poder que tem o seu voto! Ele faz a diferença!
Para melhor nos conscientizarmos disto deixo aqui um texto intitulado: O Analfabeto Político, do escritor e dramaturgo alemão do Século XIX, Bertolt Brecht. “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
Pastor Enoque Leite