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Emancipação pela educação é enfatizada nos 100 anos de Paulo Freire

por Maria Luisa Marcoccia Última modificação 2021-08-27T14:29:40-03:00
Metodista promove ciclo de palestras sobre o centenário do filósofo e educador

Um país com grande número de analfabetos e miseráveis, sobretudo no Nordeste, onde nasceu, foi o caldo que fez ferver em Paulo Freire sua teoria de cidadão emancipado pela educação. Não uma educação limitada a repassar informações sem significado para o aluno, mas sim que conscientize sobre direitos e classes sociais.

“O homem nordestino e explorado inspirou Freire para esse ponto de vista elevado sobre a educação, pelo qual, sobretudo as minorias, entendam e participem de sua realidade”, comentou professora Elisabete Ferreira Esteves Campos, do Programa de Pós-graduação em Educação da Metodista, que conduziu na noite de 24 de agosto a abertura da série de eventos comemorativos aos 100 anos de Paulo Freire.

Nascido em Recife em 19 de setembro de 1921, Freire se notabilizou pela reflexão e visão crítica da educação em sua época, quando a Era Vargas defendia a industrialização em um Brasil fortemente castigado pela miséria e analfabetismo na área rural. Prevaleciam fortes estruturas de dominação, latifúndios e perpetuação de elites no poder. Isso o levou a defender uma alfabetização-educação de experiências compartilhadas, em que professores ensinassem, mas principalmente aprendessem com as vivências culturais e sociais dos alunos.

Cristo e Marx

Freire também é idealizador da alfabetização de adultos, sempre enfatizando que a base devem ser temas do cotidiano que fazem sentido para o aluno. Foi acusado de comunista porque a formação cidadã, para ele, passa pela formação política, foi preso pelo regime militar de 1964 e exilado. Mas há controversas entre suas tendências marxistas em meio ao crescimento familiar cristão.

“Foi a partir do binário Lenin-Cristo que surgiu a OPP-Opção Preferencial pelo Pobre. Freire não via contradição entre o materialismo e ateísmo dos marxistas e a conscientização dos oprimidos por meio do amor ao próximo de cunho cristão”, falou o professor Rafael Augusto de Assis.

Para Marcelo Furlin, coordenador do PPGE da Umesp, quando se apropria da educação formal o ser humano realiza uma espécie de “encarnação”, aludindo ao verbo que se fez carne pela teologia do cristianismo.

O centenário de Paulo Freire será lembrado pela Universidade Metodista de São Paulo com uma série de seis encontros com temas que irão abordar as contribuições do educador, considerado patrono da educação brasileira. O webinar de 24 de agosto último “Paulo Freire, andarilho da utopia" faz parte de programa da Rádio Nederland com apoio da USP e Instituto Paulo Freire. Ao final da série da Metodista será lançado o Dossiê 100 anos de Paulo Freire e Edgar Morin. Veja a programação e participe!

 

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